quarta-feira, 4 de abril de 2012

...iguais ou diferentes?

 Toda hora ouvimos como cada um é diferente, como cada um tem seus defeitos e qualidades; repetimos isso com convicção a todo instante. Mas será que nosso comportamento reproduz essa ideia? Por que essa necessidade de dar nome às diferenças?
 A criança um pouco mais agitada é hiperativa, a pessoa com um pouco menos de auto-controle é louca, a mulher fora dos "padrões de beleza" (claramente impostos pela mídia/sociedade) é feia... os exemplos são muitos, mas a questão é a mesma - por que tanta necessidade de julgar as diferenças, se o que nos torna humanos são as semelhanças?
 A sociedade tem essa necessidade de dar nome a todos os comportamentos/atitudes considerados "anormais" para desta forma, isolar os seres "normais" num mundo "mais seguro", no qual todos agimos como robôs, temos nosso comportamento totalmente previsível e controlado. Afinal, é muito mais fácil controlar o uniforme.
 Temos que aprender que não é porque nos dizem "respeite as diferenças" que temos de respeitá-las, temos que respeitá-las porque respeitar as diferenças é respeitar a nós mesmos. Além de respeitar pelas diferenças, temos de respeitar também pelas semelhanças, afinal compartimos de muitas coisas que nos fazem seres humanos - todos nós buscamos a felicidade: não atrapalhe o outro na sua busca, ou melhor, ajude-o quando possível.
 Julgar menos os outros e mais nós mesmos é um conselho saúdavel. Assim quem sabe você encontra a sua felicidade em si, invés de encontrá-la na tristeza do outro.
["Bright lights flashing to cover up your lack of soul
Many people, so many problems, so many reasons
To buy another round, drink it down...
 " Jack Johnson, Rodeo Clowns]

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

...sentir ou ser humano?

 Extremamente superficiais é o que nos tornamos. Atos valem mais do que os sentimentos que os precedem, o que importa é agir da maneira que os outros esperam que ajamos. Dizer obrigado e por favor deixa de ser um sentimento e passa a ser obrigação. Não importam os sentimentos reais, faça o que de você é esperado.
 É por tal comportamento que perdemos a capacidade de diferenciar aparência de essência, o parecer e o ser foram misturados de forma que não se distingue mais o recheio da cobertura. Somos ensinados a sermos falsos ao mesmo tempo que nos dizem quão ruim é a falsidade - aprendemos que devemos agradecer por algum favor, porém não aprendemos a nos sentir gratos.
 Distorcemos conceitos para que se adaptem à nossa superficialidade. Ser honesto deixa de ser agir com honestidade, sinceridade, transparência e passa a ser não roubar. Ser fiel deixou de significar se sentir atraído por apenas uma pessoa e passou a ser dormir apenas com uma pessoa. O que importa é que você ceda seu lugar no ônibus à vó com sua neta e não que você se sinta feliz ao poder ajudá-las.
 Deve ser por isso que, hoje em dia, pouquíssimos relacionamentos duram, afinal conhecemos a aparência porém convivemos com a essência e, apartir do momento que não compreendemos a incoerência entre recheio e cobertura, jogamos o bolo fora.
 Nos tornamos atores do teatro de  nossa própria vida, agimos de acordo com o roteiro - padrões impostos pela sociedade - e poucos são os ajustes da direção, nossos sentimentos que nos diferenciam um do outro, de forma que há uma unificação do ser.
"...Let me apologize to begin with, let me apologize for what I'm about to say, but trying to be someone else was harder than it seemed and somehow I got caught up in between. Between my pride and my promise, between my lies and how the truth gets in the way. The things I want to say to you get lost before they come..." [In between, Linkin Park]

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Brasil: desordem e progresso

 O problema do Brasil não são os políticos como muitos de nós gostamos de afirmar, afinal isso transfere a culpa para outro o que torna a situação muito menos desconfortável. O problema somos nós, nossa cultura para ser mais específico. Vivemos num país onde não é errado ir contra a lei, errado é ser pego indo contra a lei... e por lei entenda-se toda forma de lei, desde a ética, a moral, até as leis do nosso código penal.
 Pensamos que o problema está nos políticos porque é o que acaba sendo mostrado na mídia, uma vez que eles estão na esfera dos que são pegos, mesmo que poucos sejam. Porém, no nosso dia-a-dia, muitas vezes agimos de forma a contrariar tais leis sem ao menos nos darmos conta.
 Saímos felizes ao receber mais troco do que deveríamos, ao invés de devolver o dinheiro. O simples fato de haver necessidade por um assento preferencial para idosos/obesos/gestantes no ônibus mostra quão antiéticos e egoístas podemos ser, pois se fossemos realmente educados não haveria necessidade para tal, seria natural ceder o lugar. Criticamos a desonestidade de nossos políticos sem ao menos percebermos que em seus lugares faríamos o mesmo. Uma cultura essencialmente hipócrita, "educada" a olhar para seu reflexo no espelho e perceber os erros dos outros.
 É inegável que nosso país cresce, porém cresce desordenadamente e, por desordenamente, não quero dizer que seja um crescimento muito veloz, e sim um crescimento desordenado no sentido literal da palavra. Crescemos para todos os lados sem ter para onde crescer. Como um balão, que mesmo estando cheio, se você assoprar mais ele expande... porém esse balão atinge um limite, estoura e então o caos é total.
 ["... we're the ones that wanna choose, always wanna play but you never wanna lose." Aerials, System of a Down]

terça-feira, 27 de setembro de 2011

...nata, creme de leite e goiabada!

 Nós crescemos ouvindo que com esforço podemos alcançar tudo e uma coisa eu posso afirmar: isso é mentira. Todos temos nossas limitações, nossos medos. O menino de 12 anos com problemas de excesso de peso e asma foi ensinado que com esforço ele pode ser o que quiser, até um jogador de futebol famoso. Sabe o que acontece quando ele descobre que aquilo era uma mentira? Nossas limitações não são algo ruim, aliás muitas vezes é das limitações que surgem nossos maiores talentos: um garoto pode ser tímido, tem dificuldade de se expressar com seus amigos na escola porém dessa dificuldade de se expressar por palavras, ele aprende a pintar e se expressar de uma maneira diferente, ele pode se tornar um excelente pintor; não devemos ter vergonha nem esconder nossas dificuldades, todos as tem e é por isso que vivemos em sociedade e dependemos tanto uns dos outros.
 Agora o garoto que escutou sua vida inteira que poderia ser o que quisesse apenas com esforço tem sonhos, muitos dos quais ele não vai conseguir alcançar. Não porque ele não se esforçou o suficiente e sim porque não conseguimos atingir todos nossos objetivos. O que acontece quando essa pessoa percebe que seus sonhos não passavam de sonhos e que, não importa quanto ela se esforce, ela não conseguirá atingir tudo que sonhava? Depressão... suicídio nos casos mais extremos.
 Basicamente nós criamos as circunstâncias para essa situações com as melhores intenções e as piores mentiras. A verdade pode doer mas é menos cruel que a mentira.
 Sonhos podem ser saudáveis, podem nos incentivar, nos dar esperanças... mas em alguns casos é necessário que saibamos que sonhos não passam de sonhos. Se dessa vez não deu certo, vá até a próxima padaria, quem sabe eles estão frescos.
 ["Her dreams are dreams, all this living's so much harder than it seems." Dreams be Dreams, Jack Johnson]

sexta-feira, 22 de julho de 2011

 O ensino no Brasil está realmente defasado, principalmente quando em relação a escolas públicas. Eu frequentei o Colégio Estadual do Paraná que é, supostamente, o melhor colégio público do estado do Paraná e, de fato, grande parte do que aprendi lá não foi dentro da sala de aula. Porém, esse texto não tem como objetivo criticar o ensino escolar brasileiro e sim o ensino da escola da vida.
 Nos falta mesmo é o ensino da vida, o ensino de como viver em sociedade. Nós brasileiros simplismente não sabemos a importância de protestos, greves, manifestos e outros, principalmente em Curitiba. O que realmente nos falta é aquela noção que deveria ser nos dada através não só da parte materna/paterna, como através da própria sociedade em si. Temos preguiça de protestar, preferimos pensar que aquilo simplismente não funcionará e que, portanto, é melhor ficar em casa e ver um filme.
 Nos falta ímpeto e vontade para mudar, as mudanças não começam com melhoras nas escolas e sim com melhoras na nossa participação e força política, porque apartir dai somos capazes de conseguir com que melhorem as outras coisas. A história prova que o povo tem um enorme poder, porém nos preferimos criticar  os políticos do sofá de casa.
 Não somos um povo unido da maneira que deveriamos e essa falta de união tira todo nosso poder, nos deixa sujeitos a palavra de um pequeno grupo que escolhe por todos sem se quer levar nossas vontades em consideração, pois sabem que nada será feito a respeito.
 Acredito que esse seja um dos principais motivos do atual estacionamento da nossa qualidade de vida. O Brasil está entre os países com maior custo de vida e isso não é necessariamente ruim, o que é ruim é que normalmente os países com maior custo de vida costumam ter maior renda per capita, o que não acontece no nosso caso.
 Ainda por cima reclamamos quando há greve, insultamos os que fazem greve quando de fato eles é que estão certos. Enquanto nós cruzamos os braços e aceitamos a injustiça eles tentam lutar por uma melhoria, por algo a mais.
 We sit by the window and watch the whole world change wishing we would too, yet we don't move.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

...parece ser, é? parece!

 To extremamente ancioso para minha viagem e não consigo dormir então me desculpem se não tiver bem escrito ou confuso.

 Recentemente conversei com meus amigos sobre o que cada um pensava/via no outro alguns anos atrás, quando nos conhecemos e estudávamos juntos. É engraçado saber o que as pessoas pensavam de você, porque com o tempo crescemos, mudamos e como estamos mais longe, podemos olhar para quem éramos e realmente saber quais eram nossos defeitos/virtudes e apartir disso fazer comparações. Será que o que pensavam de você é realmente o que você era? Será que os defeitos que os outros viam em você eram realmente os defeitos que você tinha?
 A minha experiência foi que, curiosamente, todos me viam da mesma maneira e eu, olhando para trás agora e vendo quem eu era, lembrando dos meus medos, vergonhas e sentimentos em geral, pude perceber que o que eu realmente era não estava nem próximo do que os outros pensavam de mim. É incrível como podemos, involuntariamente, passar impressões totalmente diferentes do que somos/sentimos. A verdade é que palavras são delicadas, uma frase pode significar mais que milhões... especialmente quando ela é ruim. Alguém pode dizer 1823098 vezes "te amo", mas basta um "te odeio" para que a pessoa não se lembre deles.
 Voltando a minha experiência o que aconteceu foi que me disseram que eu me "achava" (tentava me fazer parecer melhor) por saber inglês, o que de fato não é verdade, o fato é que eu tinha muita vergonha de se quer falar inglês ou mencionar o fato de que eu falava fluentemente. Por mais que alguns desses meus amigos leiam isso e pensem: "não ele realmente se achava", a verdade é que por mais que pudesse parecer assim, não era o que de fato acontecia, eu aliás vejo o meu eu daquela época com muito mais defeitos e esse não é um deles...
 As vezes analisamos os outros tomando mais em conta nós mesmos do que a própria pessoa a ser analisada. As impressões que temos apartir destas conclusões as vezes são fortemente marcadas, de forma que tomamos aquilo como realidade, mesmo que tenha sido fruto de uma análise não muito fiel. Por isso sempre tentei falar o mínimo possível dos outros, pois os mesmos defeitos que você vê neles, eles podem ver em você. Aparências são mesmo traiçoeiras, o melhor a se fazer é observar e tentar não parecer igual, mas a verdade é que sempre vão encontrar algum defeito, por mais que aquele não seja um defeito realmente seu. Ninguém é perfeito, ao menos não aos olhos de todos.
 O que pensamos dos outros e o que os outros pensam de nós é, de fato, um mistério. Por mais evidente que possa parecer, a verdade pode ser exatamente o oposto, isso é o que torna a psicologia tão intrigante...
 As pessoas que aparentam ser as mais fortes podem ser as mais fracas e vice-versa. Nem tudo é o que parece, nem tudo parece o que é...

sábado, 2 de julho de 2011

doorgas e felicidade!

 Basicamente, tudo o que o ser humano faz tem como base a busca pela felicidade/sobrevivência. Estamos numa rotina eterna em busca da felicidade e sequer sabemos o que ela é, o que ela significa e qual a consequência dessa busca.
 O felicidade é a droga mais potente. Você já percebeu que momentos de felicidade tendem a ser extremamente passageiros e que logo em seguida vem aquela vontade de mais uma dose? A tristeza em si nada mais é do que a resposta do nosso organismo quando está em falta dessa droga para que assim procuremos por mais e mais, entrando em um ciclo sem fim. Felicidade e alegria são opostos porém dependem um do outro. Somos feitos de contrastes, não existe o bonito sem o feio, o bom sem o ruim.
 Muitos não conseguem perceber esse contraste, fogem do que as deixa triste sendo que muitas vezes isso é o que mais as pode fazer feliz. Na verdade o segredo para todos os relacionamentos (de todos os tipos) reside na relação entre esse contraste.
 No final das contas, entender a felicidade é saber que, para que possa existir a saciedade, tem que existir a fome. A fome nada mais é do que um sentimento específico de tristeza e a saciedade um sentimento específico de alegria. Sabemos institivamente que, quando sentimos fome, temos que comer. Sabemos institivamente que, quando estamos triste, temos que buscar por algo que traga alegria.

Believing that the dots will connect down the road will give you the confidence to follow your heart even when it leads you off the well-worn path [Steve Jobs].